quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Prestidigitação

Nietzsche dizia que "O último cristão morreu na cruz" e eu penso que é verdade. Tomando emprestado o seu pensamento e não querendo estragar a farra anticomunista que os nossos últimos governos ajudaram a criar, eu diria também que o último comunista morreu na cruz. Mas não sou, como alguns poderiam supor, um simpatizante do comunismo e menos ainda do capitalismo. Para mim pouco importa se o capitalismo favorece a exploração do homem pelo homem ou se o comunismo cerceia as liberdades individuais. A minha questão não é com as pessoas. O meu desprezo por ambos se dá por um motivo muito simples: ambos cometem um grave erro do qual mesmo o messias não escapou e que numa escala bastante considerável é responsável pelo planeta que temos hoje. Lendo os evangelhos de uma ponta a outra eu não encontrei uma referência sequer ao cuidado e à preservação da natureza. Acredito que na Bíblia inteira não haja. Não deve haver, de igual modo, nos manuais capitalistas ou comunistas. Isto seria cair em contradição consigo mesmos. Um próximo messias, se houver, e se houver algo que ainda possa ser feito, deverá ensinar isto. Se é verdade que nós morreremos pelos nossos pecados, é certo que estamos morrendo por um pecado maior do que todos os outros somados e que a sua omissão ajudou a criar.
Chama-se prestidigitação à arte de iludir os sentidos das pessoas, especialmente a visão, de modo que estas não consigam perceber as coisas. O maior prestidigitador, no entanto, é aquele que consegue iludir seus próprios sentidos, driblando o seu bom senso a tal ponto que ele próprio não vê o que está óbvio à sua frente. E não me refiro somente aos presidentes, ex-presidentes e o restante dos mulambos que ultimamente têm infestado as altas esferas do governo, cujas declarações diante do óbvio se resume a "Eu não sabia".