terça-feira, 9 de maio de 2017

Psicanálise

- Bom dia- e ela então ajeitou a blusa de lã marrom para que ele não ficasse olhando os peitos dela - eu sou estagiária da equipe de Psicanálise.
- Eu sei.
- Pois é, eu estou atendendo uma moça que é mãe de um paciente seu.
- Sim, eu sei quem é.
- É que por uma questão técnica é indicado que os dois sejam atendidos por uma pessoa da mesma linha. Pra não misturar as coisas...
- E então?
- Então que eu preciso que você libere o seu paciente para ele ser atendido por mim.
- Tivemos só uma entrevista inicial. Se for facilitar a vida de vocês, está liberado. Vou falar com ele logo mais.
- Então espere aí que eu vou falar com a minha supervisora.
Meia hora depois ela estava de volta.
- Vem comigo, que a minha supervisora quer falar com você.
- Ok...
A sala era bem limpinha e arrumada. A supervisora tinha aquele inconfundível ar de quem já morreu, próprio dos psicanalistas.
- Oi, pode se sentar. A minha estagiária falou com você do caso do seu paciente.
- Falou sim. Logo mais eu falo com ele. Mas já está liberado.
- Ora, mas não pode ser assim. Você não pode liberar o seu paciente assim tão fácil.
- E por que não? Vocês não estão precisando? Eu quero apenas colaborar.
- É, mas nós temos que olhar esse seu desejo de colaborar. Isso também tem que ser questionado...
- Estou começando a sentir pena do meu paciente...



(Jan Robba em: "O livro das esquisitices")

Um comentário:

  1. Só não sinto pena porque ele vai poder viajar ficar imaginando o que de tão bom tem nos peitos da jovem pra ela querer esconder

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