- Tem cigarro aí?
- Tenho...
- Então me dá um.
- Toma...
Todo dia era a mesma coisa. Sempre que o via na rua, o doido o fazia parar e pedia um cigarro.
- Tem cigarro aí?
- Tenho...
- Então me dá um.
- Toma...
Às vezes, ficava irritado e pensava consigo mesmo:
- Porra, esse doido já está me enchendo o saco...só vive me pedindo cigarros...Mas, por quê é que eu nunca sei dizer “não”?
Sempre fora assim. Jamais tivera coragem de dizer não a alguém, mesmo quando dizer não era o mais certo a ser feito. Mas naquele dia ia ser diferente: estava duro e não tinha cigarros. Imaginou como ia ser divertido ver a cara do doido, quando dissesse a ele que não tinha cigarros. Só este pensamento já o fazia esquecer que estava louco de vontade de fumar. Finalmente, saiu à rua e o momento tão esperado aconteceu...
- Tem cigarro aí?
Seus olhos brilharam como nunca, com a imagem do triunfo iminente. Iria recuperar sua auto-estima...
- Puxa vida, amigo, me desculpe mas, infelizmente, hoje eu estou sem dinheiro e não tenho cigarros...
- Então toma...– e o doido então lhe estendeu um maço cheio com os cigarros que ia pedindo aos passantes – pode levar...
(Jan Robba em: "O livro das esquisitices")
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