terça-feira, 3 de março de 2015

A porta de entrada

Não é de estranhar a facilidade com que a população culta ou não absorve e reproduz o discurso médico, especializado, ou midiático ou coisa parecida, dando conta de que a maconha seria a porta de entrada para outras drogas mais pesadas. Sem pretender fazer apologia, mas apenas um chamado à razão, atributo humano de cuja abundância não podemos seguramente dar um testemunho, e sem pretender da mesma forma colocar areia na farofa de todos os que no fim das contas se aproveitam e lucram com tal discurso, eu me permito colocar aqui uns poucos fatos que podem fazê-lo cair por terra: em primeiro lugar, algumas bestas humanas esqueceram-se de que um dia foram adolescentes; em segundo, estas mesmas bestas se esquecem ou recusam-se a lembrar que o álcool é também uma droga, e mais pesada e nefasta do que a maconha. E em terceiro lugar, esquecem-se ou recusam-se a lembrar que na imensa maioria dos casos a primeira droga que os jovens experimentam é o álcool e não a maconha. Logo, se a ideia de uma porta de entrada é mesmo plausível, qual então destas drogas seria a verdadeira porta?
Enquanto isso, os jornais, rádios e tevês dão conta de que um jovem universitário acabou morrendo de overdose após ingerir vinte e uma doses de álcool, mais precisamente Vodka, em uma dessas festinhas que todos nós, que um dia cursamos uma faculdade, conhecemos bem. E eu aqui diante da notícia de que não há, em toda a história, um só caso registrado de overdose por THC(para os menos esclarecidos, a substância ativa da maconha). Médicos, especialistas e mídia em geral podem negar e ocultar este fato mas se existe algo como uma porta de entrada para as drogas mais pesadas, a probabilidade maior recai sobre o álcool. No entanto, se pensarmos em portas de saída do mundo dos vivos, vemos que elas se mostram em profusão, mas a maconha seguramente não está entre elas.

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