-O quê houve?
- Nada...- respondeu o menino, já imaginando o que iria acontecer quando chegasse em casa sem o café e sem o dinheiro. Sempre dobrava o dinheiro e prendia entre o elástico do short e a pele, mas era a primeira vez que perdia. Precisava encontrar aquela nota de dois cruzeiros de qualquer jeito, ou iria levar uma surra.
- Como, nada? - O pai, dali mesmo do armazém, tomando a sua cerveja, vira o menino subir e descer a escadaria umas três vezes e vira também a aflição do menino...
- É que eu perdi o dinheiro que a mamãe me deu pra comprar o café...
- E quanto era?
- Eram dois cruzeiros.
- Você deve ter perdido no caminho. Faça o caminho de volta e procure bem. Pode ser que você ache.
Daí a uns instantes volta o menino.
- Então?
- Não encontrei não...- e pela sua cabeça só passava aquele estranho mistério, de como ele podia ser tão azarado. Pensava que, no fim, ele não devia valer muita coisa mesmo, ou talvez Deus estivesse zangado com ele.
- Olha, encontrei o seu dinheiro. Estava bem ali, perto daquela moitinha de capim e você não viu... - e entregou as duas notas de um cruzeiro dobradas ao menino, que agora só iria levar uma bronca por ter demorado.
Muitos anos depois, quando o pai já nem mesmo estava ali para que ele agradecesse foi que, lembrando deste pequeno incidente, ele se deu conta de que não foram duas notas de um, mas uma de dois, que ele havia perdido. Só então foi que ele percebeu tudo...Se a sua vida de altos e baixos era no fundo a procura do amigo que havia perdido, desta vez sabia que não havia ninguém para reparar aquela perda...
- Nada...- respondeu o menino, já imaginando o que iria acontecer quando chegasse em casa sem o café e sem o dinheiro. Sempre dobrava o dinheiro e prendia entre o elástico do short e a pele, mas era a primeira vez que perdia. Precisava encontrar aquela nota de dois cruzeiros de qualquer jeito, ou iria levar uma surra.
- Como, nada? - O pai, dali mesmo do armazém, tomando a sua cerveja, vira o menino subir e descer a escadaria umas três vezes e vira também a aflição do menino...
- É que eu perdi o dinheiro que a mamãe me deu pra comprar o café...
- E quanto era?
- Eram dois cruzeiros.
- Você deve ter perdido no caminho. Faça o caminho de volta e procure bem. Pode ser que você ache.
Daí a uns instantes volta o menino.
- Então?
- Não encontrei não...- e pela sua cabeça só passava aquele estranho mistério, de como ele podia ser tão azarado. Pensava que, no fim, ele não devia valer muita coisa mesmo, ou talvez Deus estivesse zangado com ele.
- Olha, encontrei o seu dinheiro. Estava bem ali, perto daquela moitinha de capim e você não viu... - e entregou as duas notas de um cruzeiro dobradas ao menino, que agora só iria levar uma bronca por ter demorado.
Muitos anos depois, quando o pai já nem mesmo estava ali para que ele agradecesse foi que, lembrando deste pequeno incidente, ele se deu conta de que não foram duas notas de um, mas uma de dois, que ele havia perdido. Só então foi que ele percebeu tudo...Se a sua vida de altos e baixos era no fundo a procura do amigo que havia perdido, desta vez sabia que não havia ninguém para reparar aquela perda...