O dia 12 deste mês é assinalado nos livros como o dia da descoberta da América por Cristóvão Colombo. Seria hora então, aproveitando esta data tão festiva, de colocar algumas verdades. Na realidade, no dia 12 de outubro de 1492(se é que foi este dia mesmo) teve início a invasão da América, o que significa algo bem diferente do que ainda se conta nos livros de histórias para boi dormir. Os invasores não encontraram aqui um território vazio, mas habitado por uma população considerável e de avanço cultural e técnico maior ou menor, de norte a sul das Américas. Logo, não houve descobrimento. Se assim fosse, deveríamos então falar também na descoberta da China, da Índia, etc. Se então considerarmos as coisas deste ponto de vista, temos necessariamente que reconhecer que esta invasão ainda não foi consumada, mas encontra-se ainda em curso e tão feroz e implacável quanto no seu início. Penso que este processo infelizmente só terminará quando o último nativo destas terras tiver sido embranquecido e suas terras tomadas. Enquanto isto não ocorre, o que se pode esperar é a violência sistemática e todo o tipo de safadezas, trapaças e falcatruas por parte do Governo Brasileiro, dos Pecuaristas, Agricultores, colonos e, naturalmente, missionários cristãos. Afirmar-se o "Descobrimento da América" é fazer passar desapercebido este processo e toda a violência que neste mesmo instante está se praticando contra os legítimos donos desta terra.
Consta de uns documentos antigos que uma das coisas que mais impressionaram(e, naturalmente, indignaram)os colonizadores portugueses ao chegarem ao Brasil foi o modo de vida dos nativos. Estes, andavam nus ou quase; às vezes possuíam mais de uma mulher; alimentavam-se esporadicamente de carne humana e não trabalhavam(pelo menos da maneira européia como se entende o trabalho). Pode-se dizer que todo dia era domingo e que havia uns domingos em que os nativos trabalhavam em prol da tribo e outros domingos em que não precisavam fazer coisa alguma a não ser garantirem suas refeições. Ora, é aí que entra o papel decisivo dos padres e missionários, como linha de frente das hordas invasoras: era necessário catequizar os nativos, para transformá-los em pecadores(porque só conhece o pecado quem é cristão)e, assim, "comerás o pão com o suor do teu rosto", como está dito na Bílbia Sagrada. E trouxeram na bagagem uma invenção genial: a semana de sete dias. Eram seis dias para o nativo trabalhar para os brancos em regime de escravidão ou semi, e um dia para este mesmo nativo ir à igreja dos brancos agradecer ao deus dos brancos pela vida miserável(de brancos)que estava levando.
Temos aí hoje uma questão que se diz "estratégica" para o país: a construção da Hidrelétrica de Belo Monte, dentro de uma área indígena já há muito demarcada. É evidente que uma investigação minuciosa mostrará o que há realmente por trás deste mega-empreendimento. É um empreendimento que interessa a muitos setores, a saber: as grandes empreiteiras, as madeireiras, os pecuaristas, as mineradoras, governantes corruptos, etc. Em minha opinião, apesar e mesmo a despeito de toda uma grande mobilização nacional e internacional contra esta obra, ela vai sair e vai ser a prova mais evidente do que eu afirmei ainda no início deste texto: a invasão ainda não foi consumada...
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