terça-feira, 18 de outubro de 2011

Os portões do Paraíso I

"Eu era feliz e não sabia...". Muitos de nós certamente já ouvimos esta frase um dia. Permanece, no entanto, um mistério o fato de jamais termos ouvido alguém dizer: "Eu era infeliz e não sabia...". O sujeito que é infeliz tem perfeita consciência de sua infelicidade. A mim soa um tanto contraditório que aquilo que o ser humano mais busca seja o mais desconhecido para ele, a ponto de, quando ele o tem nas mãos, não ter consciência disso. Estranho também é o fato de alguém raramente dizer que É feliz, mas sempre que ESTÁ feliz, como que reconhecendo que a sua felicidade é um estado passageiro, no mar de infelicidade que é a vida na Terra. Por outro lado, me parece que o ser humano sabe muito bem o que é ser infeliz. É até possível que sejamos especialistas em infelicidade, de uma vez que a reconhecemos quando o menor dos seus sintomas se apresenta.
Você está disposto a dar até a sua última gota de suor e toda a sua saúde em troca da felicidade. Mas, o quê você vai fazer com esta merda? Já parou para se perguntar sobre isto? E você já parou para pensar que, enquanto arruina a sua saúde e o seu espírito seguindo como um louco uma invenção de padres perversos, como uma criança correndo atrás de bolas de sabão, não vê a verdadeira felicidade escapando entre os seus dedos?
É possível que o grande problema do ser humano seja uma ingratidão crônica que o impede de ver como tudo é bom, belo e justo e o faz viver com os olhos voltados para um futuro onde com toda a certeza ele NÃO será feliz. E é lá mesmo neste futuro que ele dirá entre as lágrimas que só um idiota sabe derramar: "Eu era feliz e não sabia...".

Nenhum comentário:

Postar um comentário