sábado, 31 de outubro de 2015

Filosofando LVII

Não é de novos políticos que nós precisamos, mas de novos eleitores. Para o problema do lixo humano que governa o nosso país há duas medidas bastante eficazes: cadeia(de verdade) e voto facultativo. Penso no entanto que não é com Bolsa-família e outras bizarrices que vamos criar um novo eleitor. No máximo teríamos um eleitor preguiçoso, oportunista, vagabundo e sem opinião. O novo eleitor só pode ser criado com um grande investimento em educação e muitos, muitos livros.

terça-feira, 6 de outubro de 2015

Os Nanautas estão entre nós(Parte VIII - continuação)


Após algumas horas de uma perseguição cinematográfica pelas ruas e becos de New Orleans em que Silver, com uma carrocinha de cachorro quente  roubada acabou atropelando 6 testemunhas de Jeová, 2 velhinhas, 3 mendigos, 3 camelôs e um violeiro cego, mais 2 cachorros e 1 cavalo e reduzira a pó 8 barraquinhas de frutas e 5 de camelôs, a eficiente polícia local finalmente conseguiu capturá-lo, fazendo uso de um rifle com munição anestésica. Como eles só dispunham de anestesia para ursos, Silver permaneceu adormecido por 5 dias, até que finalmente recobrou a consciência. Era suspeito de ter roubado 135 carteiras, só na estação de trem, tendo sido reconhecido pelas 135 vítimas. Foi então levado a uma sala no subterrâneo da delegacia, usada para interrogatório dos suspeitos através de métodos não muito convencionais.
Como não sabia nada de Inglês, Silver apenas dizia, no intuito de se defender: “Fúquio, fúquio! Black is bíurifou!”, o que irritou ainda mais os policiais, que eram brancos e racistas.
Teria sido coisa muito simples e rápida de se resolver, se não fosse mais uma vez a Filosofia e o seu estranho capricho de pregar peças até nos mais espertos mortais e assistir, lá das alturas onde habita, ao embate entre teoria e prática. O diálogo a seguir, entre os dois policiais que iriam interrogá-lo, ilustra isto de forma bem interessante:
Cop 1- Vamos matar logo esse filho da puta.
Cop 2- Olha, parceiro, eu sou um homem temente a Deus e Deus diz: “Não matarás antes do meio dia”. Além do mais, o chefe deu ordem para gastarmos toda a eletricidade que pudermos, mas com respeito pelo ser humano...
Cop 1- Ok, então segure o pirú dele para eu poder colocar os eletrodos.
Cop 2- De jeito nenhum, parceiro. Eu sou homem, e homem que é macho não pega no pirú de outro homem...ainda mais na presença de um terceiro.
Cop 1- E o médico que examina o seu pirú?
Cop 2- Ele disfarça muito bem, mas é afeminado...só pode ser.
Cop 1- Então pegue com um alicate.
Cop 2- Dá no mesmo. Pegar com um alicate é o mesmo que pegar. O pirú está em contato com o alicate, que está em contato com a mão.
Cop 1- É porra nenhuma...Deixa de ser fresco e pega logo essa porra...
Cop 2- Se não é, então por que você fica cheio de frescura quando um amigo sai do mictório e vem apertar a sua mão?
Cop 1- E se você segurasse com um alicate de 1 kilômetro de comprimento, ainda assim seria segurar?
Cop 2- Seria.
Cop 1- E se você segurasse com um alicate de 200 kilômetros de comprimento, que não desse nem pra ver a cara do dono do pirú?
Cop 2- Aí eu não sei...
Resolveram então enfiar os eletrodos dentro daquele buraco que a gente tem vergonha de falar o nome e começaram a trabalhar. 5.700 volts foram suficientes para que Silver confessasse não só os roubos na estação, mas também que fora ele que atirara em Kennedy, em Martin Luther King, que roubara o trem pagador, e que tinha vontade de atirar em John Lennon, de explodir o WTC, que ainda nem existia, e outras atrocidades. Mas os policiais acharam que ele ainda escondia mais coisas. Aplicaram uma carga de 10.000 volts, que estranhamente fez com que o seu corpo astral se separasse imediatamente do corpo físico e fosse lançado a milhares de quilômetros dali, a uma ermida em plena cordilheira do Himalaia, onde meditava solene e impassível Sua Divina Graça Sri Kagayanda Maharishi, seu mentor espiritual. Sua Divina Graça abriu os olhos e, após fitá-lo com sua terceira visão por 52 minutos, declarou:
- É...
E fechou os olhos novamente. Silver retornou ao seu corpo físico com renovada esperança, pois obtivera a resposta que o livraria daquela incômoda situação: a animação suspensa, uma técnica iogue que aprendera em seu treinamento com Sua Divina Graça alguns anos antes no Himalaia. A técnica consistia em reduzir as funções vitais a quase zero, de forma que fosse dado como clinicamente morto. E assim ele fez. Não tendo documentos que o identificassem, o Governo americano rapidamente providenciou um passaporte mexicano, colocou-o num caixão e o embarcou no primeiro avião rumo ao méxico, à risonha e formosa San Gonzáles, a pérola esquecida do Atlântico...

sexta-feira, 2 de outubro de 2015

Os Nanautas estão entre nós(parte VIII)



Foi Osteoporovski quem, um dia, sabiamente afirmou: “Viver é osso...”. Silver não tardaria a descobrir isto. E foi o mesmo Osteoporovski, notável investigador dos recessos da mente humana quem, antes mesmo de Freud, diria: “Dinheiro, poder e fama são os laxantes para o reprimido”. Com efeito, Ainda em Miami e com as malas cheias do dinheiro que ganhara no Eugenio "C", Silver sentiu aflorar um desejo que acalentara desde a mais tenra infância e que jazia adormecido: ir à Disney e tirar uma foto ao lado da Mônica e do Cebolinha. Não pensou duas vezes. Pegou o primeiro ônibus e foi para a Disney, onde pode ver ao vivo o maravilhoso mundo criado pelo genial não sei o quê americano e onde, para desgosto seu, foi informado de que ali não havia nenhuma Mônica ou Cebolinha. "Nada é perfeito", pensou consigo mesmo. Aceitou então posar ao lado da Branca de neve e do Zangado e, depois de andar na roda gigante e na montanha russa e comer 3 algodões doces e 2 maçãs do amor, resolveu que era hora de partir e embarcou num trem rumo a New Orleans para o tão esperado encontro com o seu tio Ayo Silver, o macumbeiro mais famoso do mundo, inventor do telégrafo espiritual através dos tambores e da acupuntura à distância, mais conhecida como vudu. Foi recebido com festa pelo tio e amigos e rapidamente providenciaram sua instalação num cafofo atrás do Gongá de Ayo Silver, por módicos Us$ 500 a diária. Silver estava encantado com a hospitalidade do povo de New Orleans e, sem palavras, só conseguia responder: "Fúquiu, Fúquiu! Black is bíurifou!". New Orleans, ah New Orleans...Terra do Blues e da macumba. Terra do célebre bluseiro Robert Silver, que fizera um trato com o enxofrento e desaparecera misteriosamente numa encruzilhada, não sem antes pegar algumas iguarias, dois charutos e um litro de tequila que encontrou num despacho bem ali...Silver achou um verdadeiro charme o hábito que têm os guitarristas veteranos de usarem dentes de ouro. Ficou imaginando o que diriam os seus amigos quando voltasse e eles vissem o seu sorriso igual ao de um veterano do Blues. Providenciou então com um dentista de reputação duvidosa a extração de dois dentes e a implantação de dois de ouro. Iria causar inveja em todos...
O experimento que tinha em mente e que afinal era a razão de sua viagem seria de suma importância para a Psicologia, Parapsicologia, Física quântica, Espiritismo, Esoterismo, Astrologia, prospecção petrolífera, pesquisa espacial e áreas afins. Consistia em fazer com que os ogãs, em vez de usarem os tambores, batessem na sua cabeça durante uma semana, juntando assim a técnica da Chacoalhada sistêmica com o Telégrafo espiritual. Os resultados foram se mostrando espetaculares, de forma que, antes mesmo de terminar a semana, já havia entrado em transe 32 vezes, podendo entrevistar os mortos no plano astral, prever acontecimentos futuros, fazer e desfazer casamentos, curar todo tipo de bicheira ou moléstia existente, vasculhar a vida alheia, etc. Não poderia ter sido mais bem sucedido. No entanto, ao final da sua estadia, notou com desespero que suas malas haviam sumido e com elas todo o seu dinheiro e não teria como pagar ao tio o que devia. Foi conversar com ele e o velho, que usava um boné que lhe era estranhamente familiar, compreendeu a sua situação e generosamente perdoou a dívida, emprestando ainda 2 dólares para que ele pudesse fazer uma fezinha no jogo do bicho e conseguir dinheiro para voltar para casa. Assim ele fez, mas a sorte parecia não estar lhe sorrindo. Tirou então os dois dentes de ouro e apostou numa roda de carteado, mas não foi feliz também. Estava mesmo perdido. Perdido e banguela. Teria que se virar batendo algumas carteiras, com o compromisso solene de que devolveria tudo assim que a sorte lhe sorrisse de novo. Mas não tardou para que a polícia pusesse as mãos nele. Algumas sessões de choques elétricos na extremidade do seu órgão reprodutor fariam com que ele confessasse até o que fez nas encarnações passadas. Lembrou-se da célebre frase de Osteoporovski: “Merda é igual a cocô. Quando vem, vem uma após a outra...”.


Continua...

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Mini-conto I

Com uma perna quebrada jamais conseguiria vencer aquela distância toda e conseguir ajuda...

terça-feira, 25 de agosto de 2015

O admirável mundo novo

Não é de modo algum fruto desta nossa era moderna e talvez exista desde que o mundo é mundo, mas foi a partir de algumas décadas atrás que a burocracia veio ganhando corpo e a forma de indústria. Eu sempre afirmei o fato óbvio, para todos os que de uma forma ou de outra se beneficiam dela, de que onde há burocracia há corrupção. Vi perplexo há uns anos o (des)governo brasileiro criar um Ministério da Desburocratização, o que significa que, para se acabar com a burocracia, criou-se mais burocracia ainda. E pensei cá comigo que este não é um país, mas um hospício. Mas trata-se de algo diferente. Os fatos demonstram insistentemente que os atos sem sentido, seja de pessoas, grupos de pessoas ou mesmo dos governos, têm apenas duas causas possíveis, excluindo-se, claro, os casos de loucura: burrice ou má fé. E os nossos políticos, espertos como são, preferem se passar por idiotas a ganharem notoriedade como ladrões descarados. Mas enfim, a sua má fé é nada mais nada menos do que a má fé do próprio povo, do qual eles constituem uma amostra e então tudo termina bem para ambos os lados. Daí se explica a docilidade com que a população aceita o que seria inaceitável num país sério.
Mas, voltando à burocracia, é dela que uma leitura mais apurada vai revelar um princípio muito simples e eficaz para se ter uma mina de ouro nas mãos, e que pode ser expresso da seguinte forma: crie dificuldades e venda facilidades. Isto explica desde já a conexão entre burocracia e corrupção, mas a coisa não fica só nisso. Nos EUA, por exemplo, nascedouro de ideias geniais e de bizarrices inimagináveis, é crime em alguns estados um sujeito colher água da chuva, seja para o que for. A alegação é: "Você não pagou por isto". Ainda na terra do Tio Sam, já há, devido à crescente e muito mal explicada extinção das abelhas, um emergente e lucrativo ramo de negócios em que empresas cuidam de alugar caixas com colméias a agricultores a fim de polinizar suas plantações. Os exemplos grassam, se dermos uma olhada cuidadosa. E me parece ser esta a tônica deste nosso século XXI onde, sem querer ser ou parecer um pessimista, eu diria que falta muito pouco para o ar ser vendido. Simples e genial: polua os rios e fontes e venda água pura; polua o mar e venda peixes criados em fazendas; Envenene os alimentos e venda orgânicos; dificulte o que puder e venda o acesso. Torne os seres humanos estéreis e venda bebês de proveta...Impossível? Quase...
Como eu disse no início, isto não é coisa nova, mas o seu princípio como instrumento sim. Basta lembrarmos que há uns dois milênios, a religião judaico-cristã estabeleceu que todo ser humano já é pecador de nascença e passou a vender a salvação de várias formas e vemos como isto, além de representar a forma mais absurda de escravidão das mentes, nos dias de hoje se tornou um negócio bilionário. Seu filhote mais recente, a Psicanálise, estabeleceu que todo ser humano é, a priori, um neurótico e passou a vender a "cura", se por este termo entendermos uma pessoa chegar numa roda de amigos e dizer com indisfarçável orgulho: "eu sou analizado". Enfim, "Crie dificuldades e venda facilidades" parece ser a tônica deste nosso admirável mundo novo...

sábado, 9 de maio de 2015

Ah, o amor...

A muitos apegos os seres humanos deram o nome de amor. Daí toda essa confusão que no final ninguém entende, e que faz com que, após milênios de civilização, ainda não se tenha chegado a um acordo e que separa em campos bem distintos o amor filial, fraterno, romântico, materno, etc.
A solução é muito simples: se isto que você chama de amor exclui quem ou o que quer que seja, então não é amor. O amor é um estado de consciência, embora os sentimentos possam modificar o estado de consciência de alguém. E não é algo fácil de ser conquistado, pois ironicamente ele segue na contra-mão de todos os apegos. Quem quer conquistá-lo deve estar preparado para ver o "eu" e o "tu" perderem o sentido. Mas o gozo humano está justamente neste sonambulismo que chega ao cúmulo de se matar e morrer por amor. Conclusão: o que o ser humano quer não é amor, mas qualquer paixão que o exima do real e o mantenha sonhando...

terça-feira, 17 de março de 2015

Flashes I

Uma resposta brilhante. Talvez uma das melhores que alguém tenha me dado. Foi numa daquelas noites quentes de verão, lá pelos idos dos anos oitenta, em que tínhamos o hábito, eu e alguns amigos, de sentarmos para conversar sobre uma infinidade de assuntos, indo desde a história oculta do Egito até o panorama político nacional. Falávamos exatamente sobre política, e eu comentei:
- Cara, eu acho essa conversa toda dos candidatos à presidência do país uma verborreia.
Ao que o meu nobre amigo desenhista retrucou:
- Não, amigo, não é verborreia. É verboneira mesmo.

segunda-feira, 9 de março de 2015

Mulheres...

Para o Dia Internacional das Mulheres:

Falar da mulher é fácil;
falar de mulher é mais fácil ainda;
mas falar sobre a mulher é inútil.
pois o mistério não foi feito para ser falado.

sábado, 7 de março de 2015

Filosofando LV


Tudo é mágica. O mundo é mágico e a vida é mágica. Se não lhe ensinaram isso, se você olha em volta e não consegue ver isso, então você perdeu a sua melhor metade. Justamente aquela que você tenta inutilmente encontrar no outro, o qual procura o mesmo que você. Só se ama verdadeiramente quando se é completo.

terça-feira, 3 de março de 2015

A porta de entrada

Não é de estranhar a facilidade com que a população culta ou não absorve e reproduz o discurso médico, especializado, ou midiático ou coisa parecida, dando conta de que a maconha seria a porta de entrada para outras drogas mais pesadas. Sem pretender fazer apologia, mas apenas um chamado à razão, atributo humano de cuja abundância não podemos seguramente dar um testemunho, e sem pretender da mesma forma colocar areia na farofa de todos os que no fim das contas se aproveitam e lucram com tal discurso, eu me permito colocar aqui uns poucos fatos que podem fazê-lo cair por terra: em primeiro lugar, algumas bestas humanas esqueceram-se de que um dia foram adolescentes; em segundo, estas mesmas bestas se esquecem ou recusam-se a lembrar que o álcool é também uma droga, e mais pesada e nefasta do que a maconha. E em terceiro lugar, esquecem-se ou recusam-se a lembrar que na imensa maioria dos casos a primeira droga que os jovens experimentam é o álcool e não a maconha. Logo, se a ideia de uma porta de entrada é mesmo plausível, qual então destas drogas seria a verdadeira porta?
Enquanto isso, os jornais, rádios e tevês dão conta de que um jovem universitário acabou morrendo de overdose após ingerir vinte e uma doses de álcool, mais precisamente Vodka, em uma dessas festinhas que todos nós, que um dia cursamos uma faculdade, conhecemos bem. E eu aqui diante da notícia de que não há, em toda a história, um só caso registrado de overdose por THC(para os menos esclarecidos, a substância ativa da maconha). Médicos, especialistas e mídia em geral podem negar e ocultar este fato mas se existe algo como uma porta de entrada para as drogas mais pesadas, a probabilidade maior recai sobre o álcool. No entanto, se pensarmos em portas de saída do mundo dos vivos, vemos que elas se mostram em profusão, mas a maconha seguramente não está entre elas.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Filosofando LIV

Tudo é perdoável numa mulher, com exceção da deselegância. O por quê disto é simples: a elegância a imuniza ou higieniza de uma série de defeitos que, no final, acabariam por reduzí-la a um mero órgão sexual acompanhado de tronco, pernas, braços e cabeça.

sábado, 7 de fevereiro de 2015

Filosofando LIII

Você é um zero à esquerda quando não tem coragem de praticar o mal, e menos ainda de lutar pelo que é bom.