- Hoje eu vou te mostrar como é que se faz, e depois você não vai precisar nem de explicação.
Ele então se aproximou do primeiro homem que estava de pé com as mãos amarradas, e encostou o cano da pistola embaixo do queixo dele, apontando para cima. Apertou o gatilho e foi aquela chuva de sangue e miolos.
- Pronto. Agora é com você – disse ele ao novato, empurrando com o pé o corpo que então rolou para dentro do valão - Você vai ficar umas noites sem dormir e vai até perder a vontade de comer, mas com o tempo você acostuma. Toma – e entregou a pistola ao mais novo parceiro – atira com essa, que não tem erro.
- Pelo amor de Deus...eu tenho família – implorou o segundo homem, um agiota conhecido, chorando e já urinando pelas pernas abaixo – pelo amor de Deus...Quanto vocês querem?
O novato então se aproximou, colocou o cano da arma embaixo do queixo dele e foi tomado de um tremor quase incontrolável. Mas tinha que fazer aquilo, ou os outros ficariam para sempre com um pé atrás com ele ou, pior, dariam um jeito de ele "morrer no cumprimento do dever".
- Resolve logo essa porra. Mata logo esse filho da puta. Isso aqui é serviço pra homem e não pra mocinhas. Nós não temos a tarde toda.
Ele então apertou o gatilho e foi novamente aquela chuva de sangue e miolos. Vomitou o que havia e o que não havia em seu estômago.
Ficou vários dias sem comer e sem dormir direito. Resolveu experimentar um pouco do pó que o seu parceiro lhe oferecia de vez em quando. Sentiu que assim ficava mais fácil fazer o seu trabalho. Na farmácia havia uns tranquilizantes muito bons que qualquer policial podia comprar sem receita médica(e muitas vezes até sem pagar).
Passou-se um ano e pouco, e ele até estranhou por quê quase não conseguia mais lembrar daquele novato que ele fora. Agora, algumas(muitas delas) execuções mais tarde, não conseguiria mais comer ou dormir direito...se passasse muito tempo sem matar alguém...
(Jan Robba em: "O livro das esquisitices")
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