quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Um intrigante paradoxo...

- Sabe, não sei se isso é bom ou mau, mas acho que o tédio e a falta de sexo fazem a gente pensar umas coisas...
Ele então pegou mais um cigarro e o acendeu na ponta que ainda estava acesa no cinzeiro.
- Sacanagens?- perguntou ela, com um brilho diferente naqueles olhos negrinhos.
- Mais do que sacanagens...talvez a maior das sacanagens...
- Como assim?
- Nossa vida, nossa existência, estão fundadas em um paradoxo estúpido...
- Explique...
- Ora, eu demorei 49 anos para me tornar o que sou e ainda não terminei o meu trabalho, pois o ano que vem, nesta mesma época, mais um ano terá se passado e eu terei levado 50 anos para me tornar o que serei. Levei este pensamento às suas últimas consequências e vi que o trabalho de ser o que se é só termina com a morte, quando nos tornamos o que não somos...
Dito isto, fico me perguntando: qual o sentido deste trabalho todo só para nos tornarmos apenas não-ser ou mero adubo?
Mais ainda: Por quê os apressadinhos não têm a mínima pressa quando se trata de terminar esse trabalho?(pelo contrário, tentam adiá-lo de todo jeito...)
E a conclusão é óbvia: Enquanto somos, não terminamos o trabalho de sermos; mas se o terminamos, já não somos mais.



(Jan Robba em:"O livro das esquisitices")

3 comentários:

  1. Show Jan!
    Vou tuitar e postar no face.
    Bjs, lu.

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  2. Lu, me honra muito um comentário seu e é uma felicidade saber que você gostou. Beijos.

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  3. Se a Lu indicou é lei! Gostei também, o ser humano enquanto humano é definível por sua incompletitude.

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