quarta-feira, 27 de outubro de 2010

O oitavo passageiro



Ele era o último da fila. O elevador abriu a porta e todos foram entrando. Quando chegou a  vez dele, um lá de dentro disse:
- Ei, não pode.
- E por quê não pode?
- Está escrito ali na plaquinha:”CAPACIDADE MÁXIMA: 8 PASSAGEIROS”.
- Então, tem que sair mais um – disse ele, tapando o sensor com o pé.
- E por quê?
- Aquela dona ali pesa o dobro de qualquer um de vocês – e apontou para uma senhora gorda, lá no canto - Então, tem que sair mais um.
- Porra – disse o Office boy junto da porta – entra logo, senão ninguém chega a lugar nenhum...
- É mesmo - disse o estudante de história – entra logo.
Ele entrou e puxou conversa com a estagiária a seu lado:
- Sabe, isso é uma tremenda frescura. O máximo que pode acontecer é o elevador travar no meio do caminho.
- Hum...
- O problema é quando ele para entre um andar e outro...
- Por quê?
- Porque a porta não abre.  Ela trava, e com esse monte de gente respirando ao mesmo tempo, o ar acaba num instante...
- Eu, hem, Deus me livre...
- ...e como as pessoas estão nervosas, consomem o ar muito mais rápido...deve ser horrível, morrer sufocado. E esses elevadores daqui vivem dando problema...não fazem manutenção...
- Ai, deixa eu saltar aqui...Vou pela escada mesmo...
- Também vou – Disse a outra estagiária, saindo em seguida.
- Hummm...- e ele então virou-se para o Office boy – Viu só aquelas duas? Querem ir juntinhas pela escada...ali tem coisa...Esse mundo está uma sacanagem só...




(Jan Robba em: "O livro das esquisitices")

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