Há uns anos atrás, ainda terminando a faculdade, pensei em escrever um livro. De fato, estava com um esboço de teoria muito bom nas mãos, alguns casos clínicos interessantes, e aquela falta do que fazer de quem vai à faculdade só para cumprir um ou outro crédito e terminar o seu estágio. Comecei então a escrever dois livros de uma vez só, cujos rascunhos guardo comigo até hoje. É um material bom, e talvez valesse a pena ser publicado em forma de livro. Alguns poderão achar engraçado, antiproducente, ou até mesmo estúpido, mas a minha tendência inata ao questionamento, aliada a uma má vontade não muito bem disfarçada com relação a esta caricatura de civilização da qual fazemos parte, não permitiriam que eu levasse meu projeto adiante, sem que antes respondesse à seguinte pergunta: será que vale mesmo a pena derrubar sabe-se lá quantas árvores para fazer uma tiragem de um livro?(acho que todo escritor deveria se perguntar sobre isso). Eu explico. Não acredito naquele chavão tão bem conhecido de todos: “Não há livro ruim que não contenha algo de bom” e, acostumado como fui, desde criança, a ler muito(e lembro que eu gostava de ler desde livros, jornais, até bulas de remédios e o rótulo da lata de leite em pó e de fermento, etc...), não raras vezes vi diante de mim verdadeiras porcarias em forma de livro. Ou porque eram mal escritos, ou porque refletiam o nada que seus autores tinham na cabeça. E sua publicação, em minha opinião, só se justificava por um parentesco do autor com algum editor igualmente idiota ou coisa do gênero. Bem, se acabei de afirmar que os rascunhos ainda estão guardados comigo, não será difícil inferir a resposta que dei à minha própria pergunta. Afinal, a humanidade sobrevive perfeitamente à ausência dos meus livros, mas não duraria muito sem a presença das árvores...
Nenhum comentário:
Postar um comentário