quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Sobre divãs, Psicanálise e campos eletromagnéticos...

- É você que trabalha com hipnose aí no SPA? – Perguntou o estudante de história.
Adoro abelhas, mas tinha uma andando na beirada da minha xícara e não deixava que eu terminasse o meu café sossegado. Aquele restaurante era muito bom, no meio daquele verde todo e com uma vista privilegiada da baía de Guanabara. Dava vontade de não sair mais de lá...Respondi ao rapaz que sim e então ele insistiu para que eu fizesse algumas sessões com ele, pois estava com depressão. Consenti, mas com a condição de antes avaliar bem se a hipnose era a ferramenta mais apropriada ao seu caso. Marcamos então um dia e um horário e, no dia e horário combinados, estávamos lá em uma das salas de consulta. Ele estranhou que não houvesse um divã, e eu respondi brincando que lugar de dormir é em casa. Então ele se sentou e começou a falar dos seus sintomas, cujo início se dera havia seis anos e que, de fato, coincidiam com sintomas depressivos. Começou então a falar de sua infância, como é natural das pessoas que assistiram muitos filmes com sessões psicanalíticas e que, não por acaso, confundem Psicologia com Psicanálise. Antes porém que ele colocasse os pais no caldeirão de azeite fervente, eu o interrompi e expliquei que a depressão pode ter inúmeras causas, e que o caminho nem sempre é procurá-las no passado familiar de um indivíduo. Expliquei que até mesmo um campo eletromagnético de uma certa intensidade e freqüência pode causar estes e outros sintomas. Campos gerados, por exemplo, por aqueles fios de alta tensão que vemos nas linhas de transmissão nos subúrbios(o fato de ser proibido habitar embaixo de uma dessas linhas não é sem motivo). Ele me interrompeu e disse: “Pode parar por aí...eu moro embaixo de uma dessas linhas. O terreno onde eu moro é uma invasão e foi o único lugar onde meus pais encontraram uma casa para comprar”. “E há quanto tempo você mora lá?”, eu perguntei. Ele respondeu: “Seis anos”. Disse a ele então que o problema dele não era para um psicólogo, mas para um corretor de imóveis resolver. Voltei então para o meu restaurante, meu café e minhas abelhas...

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