- Nunca lhe ocorreu que alguém poderia estar tentando transformá-la efetivamente em uma doida para lhe tomar a casa, os bens e a guarda de sua filha? - perguntou, após um longo silêncio.
Nada se encaixava com os laudos que ele havia recebido. Pelo contrário, era uma trama perversa, quase inacreditável, que se tornara bem evidente em sua mente. Por fim ele completou, olhando bem nos olhos vidrados que o observavam:
- Honestamente, eu acho que o que houve foi mais do que um enorme mal entendido ou falta de atenção, mas uma grande safadeza mesmo dos seus médicos, seu marido, seus familiares...
- Está dizendo que eu não estou louca?
- Tenho certeza...e apostaria o meu diploma nisso.
Ela suspirou aliviada. Ficou algum tempo olhando pela janela, lá longe, o sol morrendo entre os edifícios. De repente, virou-se para ele e disse:
- Eu estou horrível, não estou?
- Está.
- Me beija.
- O quê foi que disse?
- Isso mesmo: me beija. O meu marido diz que não beija uma doida varrida...
- Mas eu não sou o seu marido.
- Tem coragem de beijar uma doida varrida?
- Não.
- Então me beija.
(Jan Robba em:"O livro das esquisitices")
Nenhum comentário:
Postar um comentário